A Fundação Bissaya Barreto vai inaugurar amanhã, em Coimbra, a Casa das Artes, um espaço cultural que acolherá projectos de diferentes associações artísticas da cidade, entre as quais, para já, se encontram a Camaleão - Associação Cultural, o Fila K Cineclube e a Companhia de Teatro Marionet. Estas são as primeiras beneficiárias do projecto e vão ficar instaladas no novo espaço, situado na Avenida de Sá da Bandeira.
"A Casa das Artes pretende dar espaço efectivo à concretização de projectos de qualidade, de jovens associações culturais do tecido urbano de Coimbra que, por ausência de um espaço próprio, vêem reduzida a sua capacidade de diálogo com a cidade", afirma a presidente do conselho de administração da fundação, Patrícia Viegas Nascimento, esperando que a Casa das Artes "seja um espaço de incubação de projectos culturais".
Segundo explicou, a Casa está estruturada de modo a permitir que cada associação tenha, pelo menos, "o seu próprio espaço-sede", mas tem também um "regime de partilha de espaços amplos e jardins", que permitem realizar espectáculos, exposições, e diversas performances. A fundação cede a Casa gratuitamente a cada uma das associações residentes, por três anos e, ao fim deste período, existe a possibilidade de acolher novos residentes.
Patrícia Viegas Nascimento entende que, "numa altura em que por parte do Estado há um agravamento do desinvestimento em matéria cultural", a fundação não podia "deixar de actuar, tentando diminuir os muitos constrangimentos que os jovens empreendedores culturais têm hoje para se afirmar e projectar". A ideia é apostar "verdadeiramente no potencial cultural de Coimbra e dos seus agentes culturais".
Amanhã, a partir das 17h, será feita uma visita à Casa e inaugurada uma exposição comemorativa dos dez anos da Companhia de Teatro Marionet, entre outros momentos, como a apresentação da peça Starview pela companhia de teatro A Camaleão, com concepção e direcção artística de Pedro Malacas e interpretação de Helena Faria e Rui Damasceno. Haverá também um momento musical, com Catarina Braga, e será projectado um trabalho em vídeo, A Criação, pelo Fila K Cineclube.
12.11.2010 Por Maria João Lopes
Jornal Público
http://www.publico.pt/Local/coimbra-tera-uma-casa-das-artes-a-partir-de-amanha_1465735
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
sexta-feira, 9 de abril de 2010
domingo, 16 de agosto de 2009
Abertas Candidaturas ao ‘Programa Rede de Residências’
Estão abertas as candidaturas à 2.ª edição do Programa Rede de Residências: Experimentação – Arte, Ciência e Tecnologia, que pretende apoiar a integração de artistas em centros de investigação científica e tecnológica, criando uma plataforma comum de trabalho e investigação entre artistas e cientistas. Os interessados poderão concorrer até ao próximo dia 30 de Setembro.
Desenvolvido pela Ciência Viva e a Direcção-Geral das Artes (DGArtes), este Programa “pretende fomentar o intercâmbio, a reflexão e a produção de conhecimento entre a arte e a ciência e tecnologia”, contemplando as seguintes áreas: Arquitectura, Artes Digitais, Artes Plásticas, Cruzamentos Disciplinares, Dança, Design, Fotografia, Música e Teatro.
No Programa foi definida uma rede de instituições científicas de acolhimento para os artistas seleccionados, onde podem desenvolver projectos artísticos com ferramentas e processos próprios dos laboratórios de investigação científica. Em cada centro de acolhimento, a funcionar em períodos de quatro a nove meses entre Novembro de 2009 e Julho de 2010, o trabalho do artista é acompanhado por um investigador científico.
De acordo com o regulamento, podem candidatar-se ao Programa cidadãos nacionais ou estrangeiros residentes em Portugal, que sejam portadores de currículo profissional e artístico com formação adequada e experiência específica para este tipo de projecto e que não tenham participado na 1.ª edição do Programa.
As candidaturas implicam o preenchimento de um formulário disponível no site da iniciativa, que deve ser enviado, juntamente com os documentos referidos no mesmo, por correio electrónico para a DGArtes ou entregue pessoalmente, até 30 de Setembro de 2009.
Os candidatos poderão visitar as entidades que constituem a rede do programa, mediante agendamento e confirmação, dentro de um calendário pré-definido. Esta é uma oportunidade para conhecer os cientistas e as linhas de investigação dentro das quais poderão vir a desenvolver os seus projectos.
Retirado de:
http://www.portaldocidadao.pt/PORTAL/pt/noticias/08_2009/NEWS_abertas+candidaturas+ao+_programa+rede+de+residencias_.htm
Desenvolvido pela Ciência Viva e a Direcção-Geral das Artes (DGArtes), este Programa “pretende fomentar o intercâmbio, a reflexão e a produção de conhecimento entre a arte e a ciência e tecnologia”, contemplando as seguintes áreas: Arquitectura, Artes Digitais, Artes Plásticas, Cruzamentos Disciplinares, Dança, Design, Fotografia, Música e Teatro.
No Programa foi definida uma rede de instituições científicas de acolhimento para os artistas seleccionados, onde podem desenvolver projectos artísticos com ferramentas e processos próprios dos laboratórios de investigação científica. Em cada centro de acolhimento, a funcionar em períodos de quatro a nove meses entre Novembro de 2009 e Julho de 2010, o trabalho do artista é acompanhado por um investigador científico.
De acordo com o regulamento, podem candidatar-se ao Programa cidadãos nacionais ou estrangeiros residentes em Portugal, que sejam portadores de currículo profissional e artístico com formação adequada e experiência específica para este tipo de projecto e que não tenham participado na 1.ª edição do Programa.
As candidaturas implicam o preenchimento de um formulário disponível no site da iniciativa, que deve ser enviado, juntamente com os documentos referidos no mesmo, por correio electrónico para a DGArtes ou entregue pessoalmente, até 30 de Setembro de 2009.
Os candidatos poderão visitar as entidades que constituem a rede do programa, mediante agendamento e confirmação, dentro de um calendário pré-definido. Esta é uma oportunidade para conhecer os cientistas e as linhas de investigação dentro das quais poderão vir a desenvolver os seus projectos.
Retirado de:
http://www.portaldocidadao.pt/PORTAL/pt/noticias/08_2009/NEWS_abertas+candidaturas+ao+_programa+rede+de+residencias_.htm
segunda-feira, 6 de julho de 2009
concurso de ideias de negócio Arrisca Coimbra 2009
Abertas inscrições para concurso de ideias de negócio Arrisca Coimbra 2009
A ideia é estimular o desenvolvimento de conceitos de negócio em torno dos quais se perspective a criação de novas empresas. Podem concorrer pessoas singulares ou colectivas que tenham por objectivo explorar uma ideia ou conceito de negócio e os prémios variam entre os 5.000 e os 500 euros. É o concurso de ideias de negócio Arrisca Coimbra 2009.
As candidaturas podem ser individuais ou apresentadas por equipas até 5 elementos de promotores da ideia apresentada a concurso, em que pelo menos um destes seja estudante ou recém-diplomado (diplomado há menos de três anos) do Ensino Superior de Coimbra.
A avaliação das várias propostas submetidas a concurso será efectuada por um júri constituído por um elemento indicado por cada parceiro do núcleo organizativo e por cada patrocinador do concurso.
A viabilidade, a originalidade, o perfil dos promotores, a capacidade de síntese e a sustentabilidade vão ser os aspectos considerados pelo júri na avaliação de cada uma das ideias.
Às ideia(s) vencedora(s) serão atribuídos os seguintes prémios de acordo com a elegibilidade da ideia e do(s) promotor(es): Prémio InovCapital, no valor de 5.000 euros; Prémio IEFP, de 3.000 euros; Prémio IAPMEI, de 2.500 euros; Prémio UNIVERSIA, de 1000 euros; e Prémio Coimbra Inovação Parque, no valor de 500 euros.
O Concurso conta ainda com os apoios da SPGM – Sociedade Portuguesa de Garantia Mútua, da IPN-Incubadora e da ANJE.
As ideias de negócio a submeter a concurso deverão ser enviadas até ao dia 16 de Outubro de 2009, data em que termina o prazo para recepção de candidaturas, mediante o envio do formulário devidamente preenchido para gats@ci.uc.pt Este endereço de e-mail está protegido de spam bots, pelo que necessita do Javascript activado para o visualizar
A organização do concurso recomenda que os promotores das ideias de negócio concorrentes, frequentem o ciclo de workshops, que irá decorrer paralelamente ao concurso, sobre temas e conteúdos a definir. O ciclo de workshops é aberto a todos os interessados.
O link para a página do GATS com os conteúdos do concurso é: http://www.uc.pt/gats/projectos/arrisca_2009/. No entanto, é igualmente possível aceder pela página inicial, onde foi dado o devido destaque à iniciativa.
Para mais informações os interessados devem contactar a organização do concurso através do endereço de email gats@ci.uc.pt Este endereço de e-mail está protegido de spam bots, pelo que necessita do Javascript activado para o visualizar ou através do site www.uc.pt/gats.
A ideia é estimular o desenvolvimento de conceitos de negócio em torno dos quais se perspective a criação de novas empresas. Podem concorrer pessoas singulares ou colectivas que tenham por objectivo explorar uma ideia ou conceito de negócio e os prémios variam entre os 5.000 e os 500 euros. É o concurso de ideias de negócio Arrisca Coimbra 2009.
As candidaturas podem ser individuais ou apresentadas por equipas até 5 elementos de promotores da ideia apresentada a concurso, em que pelo menos um destes seja estudante ou recém-diplomado (diplomado há menos de três anos) do Ensino Superior de Coimbra.
A avaliação das várias propostas submetidas a concurso será efectuada por um júri constituído por um elemento indicado por cada parceiro do núcleo organizativo e por cada patrocinador do concurso.
A viabilidade, a originalidade, o perfil dos promotores, a capacidade de síntese e a sustentabilidade vão ser os aspectos considerados pelo júri na avaliação de cada uma das ideias.
Às ideia(s) vencedora(s) serão atribuídos os seguintes prémios de acordo com a elegibilidade da ideia e do(s) promotor(es): Prémio InovCapital, no valor de 5.000 euros; Prémio IEFP, de 3.000 euros; Prémio IAPMEI, de 2.500 euros; Prémio UNIVERSIA, de 1000 euros; e Prémio Coimbra Inovação Parque, no valor de 500 euros.
O Concurso conta ainda com os apoios da SPGM – Sociedade Portuguesa de Garantia Mútua, da IPN-Incubadora e da ANJE.
As ideias de negócio a submeter a concurso deverão ser enviadas até ao dia 16 de Outubro de 2009, data em que termina o prazo para recepção de candidaturas, mediante o envio do formulário devidamente preenchido para gats@ci.uc.pt Este endereço de e-mail está protegido de spam bots, pelo que necessita do Javascript activado para o visualizar
A organização do concurso recomenda que os promotores das ideias de negócio concorrentes, frequentem o ciclo de workshops, que irá decorrer paralelamente ao concurso, sobre temas e conteúdos a definir. O ciclo de workshops é aberto a todos os interessados.
O link para a página do GATS com os conteúdos do concurso é: http://www.uc.pt/gats/projectos/arrisca_2009/. No entanto, é igualmente possível aceder pela página inicial, onde foi dado o devido destaque à iniciativa.
Para mais informações os interessados devem contactar a organização do concurso através do endereço de email gats@ci.uc.pt Este endereço de e-mail está protegido de spam bots, pelo que necessita do Javascript activado para o visualizar ou através do site www.uc.pt/gats.
Concurso Criar 2009
Concurso
Participe e habilita-se a ganhar 1000€.
Envie um vídeo com um ideia criativa, com a duração máxima de 5 minutos (sendo a duração recomendada de 3m), que se enquadre numa das seguintes categorias:
Visões - Ideias de natureza conceptual, podendo, por exemplo, ser uma simples declaração ou apresentação
Design - Ideias de criação de um objecto, forma ou estrutura, funcional ou artística
Tecnologias - Ideias de uma aplicação ou solução informática
Veja o regulamento completo em:
concursocriar2009@cnel.gov.pt
Participe e habilita-se a ganhar 1000€.
Envie um vídeo com um ideia criativa, com a duração máxima de 5 minutos (sendo a duração recomendada de 3m), que se enquadre numa das seguintes categorias:
Visões - Ideias de natureza conceptual, podendo, por exemplo, ser uma simples declaração ou apresentação
Design - Ideias de criação de um objecto, forma ou estrutura, funcional ou artística
Tecnologias - Ideias de uma aplicação ou solução informática
Veja o regulamento completo em:
concursocriar2009@cnel.gov.pt
lançamento internacional da Rede de Cidades Criativas
Realiza-se, no próximo dia 7 de Julho, o lançamento internacional da Rede de Cidades Criativas, no Pavilhão de Portugal, no Parque das Nações, em Lisboa. É uma iniciativa do Programa UT AustinPortugal, em parceria com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo e a Câmara Municipal de Lisboa.
O acesso é livre, mas sujeito a inscrição prévia através do site http://creativecitieslisbon.org.
Segundo Richard Florida, as cidades são actores fundamentais para a economia de um país. As cidades que investem na creatividade são aquelas que vão ganhar maior relevância no panorama da economia do conhecimento.
Mais informações e inscrições em http://creativecitieslisbon.org.
O acesso é livre, mas sujeito a inscrição prévia através do site http://creativecitieslisbon.org.
Segundo Richard Florida, as cidades são actores fundamentais para a economia de um país. As cidades que investem na creatividade são aquelas que vão ganhar maior relevância no panorama da economia do conhecimento.
Mais informações e inscrições em http://creativecitieslisbon.org.
quinta-feira, 5 de março de 2009
Coimbra Criativa e Empreendedora
Coimbra Criativa e Empreendedora
16 Fevereiro 2009
Apresentação
Apesar do difícil cenário de crise internacional, 2009 anuncia-se um ano em que Coimbra e o Centro de Portugal têm oportunidades de futuro, geradas por um conjunto de valências que bem coordenadas e organizadas em rede, serão fontes de desenvolvimento formidáveis.Estas valências têm de ser promovidas para que todos tenhamos consciência delas e sejamos capazes de definir, de forma clara, estratégias de longo prazo para o desenvolvimento sustentável da cidade e do Centro de Portugal.
Motivação
É na capacidade de inovar, realizar e ter sucesso que devemos investir. Esta aposta é fundamental para que hajam mais empresas a apostar em investigação e desenvolvimento (I&D) e na criação de novas empresas resultantes de I&D feito em universidades e centros de investigação. A importância da inovação e do sentido de risco têm de fazer parte dos nossos dias, sendo um contributo decisivo para a mudança cultural que urge promover.
Objectivos
Aproveitando a feliz coincidência de 2009 ser o ano europeu da Criatividade e Inovação – sendo também o ano em que Coimbra vai inaugurar a primeira fase do Coimbra Inovação Parque (IParque) e construir o seu Centro de Negócios, além de grande parte dos primeiros edifícios empresariais do parque – vamos desenvolver um ambicioso plano de eventos que terá o triplo objectivo de:
Divulgar as capacidades da cidade e do Centro de Portugal;
Dar visibilidade internacional às nossas iniciativas: parques de ciência e tecnologia, parques industriais, incubação de empresas, oferta formativa de nível médio e superior, capacidades de investigação e desenvolvimento, empresas, etc.;
Envolver a população, nomeadamente os mais novos para que despertem para as oportunidades que se lhes oferecem e que é necessário saber aproveitar.
http://www.coimbracriativa.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=6&Itemid=12&lang=pt
16 Fevereiro 2009
Apresentação
Apesar do difícil cenário de crise internacional, 2009 anuncia-se um ano em que Coimbra e o Centro de Portugal têm oportunidades de futuro, geradas por um conjunto de valências que bem coordenadas e organizadas em rede, serão fontes de desenvolvimento formidáveis.Estas valências têm de ser promovidas para que todos tenhamos consciência delas e sejamos capazes de definir, de forma clara, estratégias de longo prazo para o desenvolvimento sustentável da cidade e do Centro de Portugal.
Motivação
É na capacidade de inovar, realizar e ter sucesso que devemos investir. Esta aposta é fundamental para que hajam mais empresas a apostar em investigação e desenvolvimento (I&D) e na criação de novas empresas resultantes de I&D feito em universidades e centros de investigação. A importância da inovação e do sentido de risco têm de fazer parte dos nossos dias, sendo um contributo decisivo para a mudança cultural que urge promover.
Objectivos
Aproveitando a feliz coincidência de 2009 ser o ano europeu da Criatividade e Inovação – sendo também o ano em que Coimbra vai inaugurar a primeira fase do Coimbra Inovação Parque (IParque) e construir o seu Centro de Negócios, além de grande parte dos primeiros edifícios empresariais do parque – vamos desenvolver um ambicioso plano de eventos que terá o triplo objectivo de:
Divulgar as capacidades da cidade e do Centro de Portugal;
Dar visibilidade internacional às nossas iniciativas: parques de ciência e tecnologia, parques industriais, incubação de empresas, oferta formativa de nível médio e superior, capacidades de investigação e desenvolvimento, empresas, etc.;
Envolver a população, nomeadamente os mais novos para que despertem para as oportunidades que se lhes oferecem e que é necessário saber aproveitar.
http://www.coimbracriativa.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=6&Itemid=12&lang=pt
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
O ciclo virtuoso das cidades criativas
O ciclo virtuoso das cidades criativas
Publicado no dia 1 de Agosto de 2008 , por Filipe Pacheco no sítio meios e publicidade no seguinte endereço http://www.meiosepublicidade.pt/2008/08/01/o-ciclo-virtuoso-das-cidades-criativas/
As indústrias criativas são sinónimo de vitalidade económica. Agora, é o Porto que quer seguir o caminho já trilhado por cidades como Sheffield, Amesterdão e Barcelona
As indústrias criativas estão a ocupar um lugar de destaque no crescimento da economia de vários países europeus. O Reino Unido, que antes de 1997 ocupava um lugar marginal no produto do país, colocou as indústrias criativas no topo das prioridades da agenda política do governo britânico. A razão não é para menos. As actividades ligadas ao cinema, à música, à publicidade ou ao design estão a competir taco-a-taco com os sectores mais tradicionais da economia do país, com os números a demonstrarem de forma clara esta realidade: 7,3% do produto interno bruto tem origem nas actividades ligadas ao sector, estando 1,8 milhões de activos daquele país empregados na indústria. A euforia é tal, que em Fevereiro deste ano, o governo de Gordon Brown decidiu apresentar um plano que tem por objectivo fazer do Reino Unido o centro mundial das indústrias criativas.
O plano prevê a criação de um centro mundial das artes globais, que procurará apoiar o talento criativo em sectores como a moda, o cinema, a animação e as novas tecnologias. Englobado no projecto está também prevista a implementação de uma oferta de cinco horas semanais de actividades culturais, que incluem a visita a museus, a galerias, cinemas e teatros. A pensar na evolução do meio digital, o governo trabalhista conta também criar institutos de meios digitais, estando ainda a estudar a possibilidade de fundar uma academia de artes criativas coordenada pelo St. Martin’s College of Art and Design e pelo Chelsea College of Art.
Já nas áreas ligadas à comunicação, números da Work Foundation vêm dizer que cada vez mais clientes internacionais recorrem ao talento criativo do país, fazendo entrar, só nas áreas da publicidade, design e arquitectura, cerca de três mil milhões de euros por ano em terras britânicas.
A maior evidência da importância que a criatividade está a assumir no panorama da economia britânica encontra-se na extensão desta política para outras cidades do país. Tal como em Londres, Sheffield está a apostar em políticas concertadas para impulsionar a criatividade no meio digital. Ainda em Março de 2007, foi anunciada a parceria com a Creative Space Management, no sentido da empresa gestora de centros de media, estúdios de design e todas as actividades relacionadas com a criatividade gerir o Sheffield Digital Campus. O objectivo da fundação deste pólo regional para a área digital e criativa é atrair negócios substanciais que permitam à cidade fazer acelerar o crescimento da sua economia nos próximos dez anos. Nesse sentido, já estão a ser disponibilizados serviços associados, tecnologia de ponta e instalações adaptadas às necessidades das empresas com elevado potencial de crescimento no sector digital.
Contudo, o crescimento da economia criativa nas várias cidades europeias também está assente noutro tipo de estratégias. É o caso da cidade de Amesterdão, onde uma política de fortes incentivos fiscais levou a que grandes agências, como a da Wieden + Kennedy, tivessem atraído contas como as da Nike para serem trabalhadas na capital holandesa. O peso de actividades editoriais, artísticas e publicitárias não pára de crescer, tendo sido recentemente demonstrado no estudo As Indústrias Criativas na Holanda, da autoria de Erik Stam, Jeroen P.J. de Jong e Gerard Marlet, que a ligação de mais de 9% da população a estas actividades tem directamente contribuído para os níveis de crescimento do emprego na cidade de Amesterdão. Trata-se, portanto, da emergência de um ciclo virtuoso, já que as cidades criativas são sinónimo de talento e têm, por isso, a capacidade para atrair investimento e massa crítica que permitem, com base nesse modelo, acelerar os níveis de criação de riqueza das regiões.
O exemplo de Barcelona é paradigmático. Com a implementação de políticas públicas e do florescimento de escolas ou centros de excelência na área do design, a cidade conseguiu atrair para a Catalunha empresas e algumas marcas de peso na economia europeia, como são a Renault e a Seat. O Centro de Design de Barcelona está agora a assinalar os seus 35 anos, e a efeméride pode muito bem ser entendida como um marco do hub criativo criado na cidade catalã. Afinal, o centro tem sido, ao longo dos anos, um dos eixos do design enquanto elemento estratégico para a excelência da actividade empresarial da região.
A necessidade de impusiolnar as indústrias criativas e negócios invadores em Barcelona foi também expressa no Consejo Asesor Internacional de la Generalitat, criado em 2007. O fórum tem, na génese, o objectivo de discutir com especialistas de todo o mundo a forma de atrair novos talentos para reforçar as áreas da investigação e a criação de novos negócios na região da Catalunha. Na primeira reunião, que juntou 14 empresários e académicos de todo o mundo, foi reconhecido que a abertura de Barcelona ao mundo global não pode estar dependente da “obsessão” da cidade catalã em comparar-se com Madrid na capacidade que a capital espanhola tem para a atrair investimento, sendo apontada como uma das soluções a criação de um cluster criativo na Catalunha.
O caso do Porto
A mesma ideia foi discutida recentemente no Porto, a propósito da apresentação do estudo Desenvolvimento de um Cluster de Indústrias Criativas na Região Norte, impulsionado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte e coordenado pelo especialista britânico Tom Fleming. O documento sustenta que a região do Porto reúne condições para se tornar no pólo criativo de referência em Portugal. A existência de um conjunto de estabelecimentos de ensino com capacidade para criarem talentos criativos e a existência de infra-estruturas são alguns exemplos que ilustram o potencial daquela região. Com a economia criativa a representar, neste momento, um volume de negócios de 646 mil milhões de euros na União Europeia, a solução apontada passa por aproximar o Porto de um novo modelo económico assente na criatividade. É defendida assim a criação de uma agência que sirva de pólo de articulação entre os agentes públicos e privados ligados às indústrias criativas da cidade. “A criação de benefícios fiscais ao investimento nas indústrias culturais, a criação de um fundo regional de investimento que combine empréstimo, capital de risco e project finance, para que seja possível alavancar negócios criativos que necessitam de ganhar escala” são outras das medidas apontadas para aproximar o Porto das cidades europeias onde a excelência criativa é já, actualmente, entendida como o grande paradigma do desenvolvimento económico.
Publicado no dia 1 de Agosto de 2008 , por Filipe Pacheco no sítio meios e publicidade no seguinte endereço http://www.meiosepublicidade.pt/2008/08/01/o-ciclo-virtuoso-das-cidades-criativas/
As indústrias criativas são sinónimo de vitalidade económica. Agora, é o Porto que quer seguir o caminho já trilhado por cidades como Sheffield, Amesterdão e Barcelona
As indústrias criativas estão a ocupar um lugar de destaque no crescimento da economia de vários países europeus. O Reino Unido, que antes de 1997 ocupava um lugar marginal no produto do país, colocou as indústrias criativas no topo das prioridades da agenda política do governo britânico. A razão não é para menos. As actividades ligadas ao cinema, à música, à publicidade ou ao design estão a competir taco-a-taco com os sectores mais tradicionais da economia do país, com os números a demonstrarem de forma clara esta realidade: 7,3% do produto interno bruto tem origem nas actividades ligadas ao sector, estando 1,8 milhões de activos daquele país empregados na indústria. A euforia é tal, que em Fevereiro deste ano, o governo de Gordon Brown decidiu apresentar um plano que tem por objectivo fazer do Reino Unido o centro mundial das indústrias criativas.
O plano prevê a criação de um centro mundial das artes globais, que procurará apoiar o talento criativo em sectores como a moda, o cinema, a animação e as novas tecnologias. Englobado no projecto está também prevista a implementação de uma oferta de cinco horas semanais de actividades culturais, que incluem a visita a museus, a galerias, cinemas e teatros. A pensar na evolução do meio digital, o governo trabalhista conta também criar institutos de meios digitais, estando ainda a estudar a possibilidade de fundar uma academia de artes criativas coordenada pelo St. Martin’s College of Art and Design e pelo Chelsea College of Art.
Já nas áreas ligadas à comunicação, números da Work Foundation vêm dizer que cada vez mais clientes internacionais recorrem ao talento criativo do país, fazendo entrar, só nas áreas da publicidade, design e arquitectura, cerca de três mil milhões de euros por ano em terras britânicas.
A maior evidência da importância que a criatividade está a assumir no panorama da economia britânica encontra-se na extensão desta política para outras cidades do país. Tal como em Londres, Sheffield está a apostar em políticas concertadas para impulsionar a criatividade no meio digital. Ainda em Março de 2007, foi anunciada a parceria com a Creative Space Management, no sentido da empresa gestora de centros de media, estúdios de design e todas as actividades relacionadas com a criatividade gerir o Sheffield Digital Campus. O objectivo da fundação deste pólo regional para a área digital e criativa é atrair negócios substanciais que permitam à cidade fazer acelerar o crescimento da sua economia nos próximos dez anos. Nesse sentido, já estão a ser disponibilizados serviços associados, tecnologia de ponta e instalações adaptadas às necessidades das empresas com elevado potencial de crescimento no sector digital.
Contudo, o crescimento da economia criativa nas várias cidades europeias também está assente noutro tipo de estratégias. É o caso da cidade de Amesterdão, onde uma política de fortes incentivos fiscais levou a que grandes agências, como a da Wieden + Kennedy, tivessem atraído contas como as da Nike para serem trabalhadas na capital holandesa. O peso de actividades editoriais, artísticas e publicitárias não pára de crescer, tendo sido recentemente demonstrado no estudo As Indústrias Criativas na Holanda, da autoria de Erik Stam, Jeroen P.J. de Jong e Gerard Marlet, que a ligação de mais de 9% da população a estas actividades tem directamente contribuído para os níveis de crescimento do emprego na cidade de Amesterdão. Trata-se, portanto, da emergência de um ciclo virtuoso, já que as cidades criativas são sinónimo de talento e têm, por isso, a capacidade para atrair investimento e massa crítica que permitem, com base nesse modelo, acelerar os níveis de criação de riqueza das regiões.
O exemplo de Barcelona é paradigmático. Com a implementação de políticas públicas e do florescimento de escolas ou centros de excelência na área do design, a cidade conseguiu atrair para a Catalunha empresas e algumas marcas de peso na economia europeia, como são a Renault e a Seat. O Centro de Design de Barcelona está agora a assinalar os seus 35 anos, e a efeméride pode muito bem ser entendida como um marco do hub criativo criado na cidade catalã. Afinal, o centro tem sido, ao longo dos anos, um dos eixos do design enquanto elemento estratégico para a excelência da actividade empresarial da região.
A necessidade de impusiolnar as indústrias criativas e negócios invadores em Barcelona foi também expressa no Consejo Asesor Internacional de la Generalitat, criado em 2007. O fórum tem, na génese, o objectivo de discutir com especialistas de todo o mundo a forma de atrair novos talentos para reforçar as áreas da investigação e a criação de novos negócios na região da Catalunha. Na primeira reunião, que juntou 14 empresários e académicos de todo o mundo, foi reconhecido que a abertura de Barcelona ao mundo global não pode estar dependente da “obsessão” da cidade catalã em comparar-se com Madrid na capacidade que a capital espanhola tem para a atrair investimento, sendo apontada como uma das soluções a criação de um cluster criativo na Catalunha.
O caso do Porto
A mesma ideia foi discutida recentemente no Porto, a propósito da apresentação do estudo Desenvolvimento de um Cluster de Indústrias Criativas na Região Norte, impulsionado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte e coordenado pelo especialista britânico Tom Fleming. O documento sustenta que a região do Porto reúne condições para se tornar no pólo criativo de referência em Portugal. A existência de um conjunto de estabelecimentos de ensino com capacidade para criarem talentos criativos e a existência de infra-estruturas são alguns exemplos que ilustram o potencial daquela região. Com a economia criativa a representar, neste momento, um volume de negócios de 646 mil milhões de euros na União Europeia, a solução apontada passa por aproximar o Porto de um novo modelo económico assente na criatividade. É defendida assim a criação de uma agência que sirva de pólo de articulação entre os agentes públicos e privados ligados às indústrias criativas da cidade. “A criação de benefícios fiscais ao investimento nas indústrias culturais, a criação de um fundo regional de investimento que combine empréstimo, capital de risco e project finance, para que seja possível alavancar negócios criativos que necessitam de ganhar escala” são outras das medidas apontadas para aproximar o Porto das cidades europeias onde a excelência criativa é já, actualmente, entendida como o grande paradigma do desenvolvimento económico.
sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
Rede Cidades Criativas
A rede de Cidades Criativas foi criada pela UNESCO em 2004 e propõe-se a por em contacto cidades criativas de forma a que possam partilhar conhecimentos, saber fazer, experiencia, habilidades directivas e tecnologia. As cidades podem solicitar a admissão à Rede e aderir ao Programa, assegurando, assim, a possibilidade de desenvolver o seu papel como um centro de excelência criativa, apoiando, ao mesmo tempo, outras cidades, especialmente aquelas pertencentes a países em desenvolvimento, a cultivar a sua própria economia criativa.
domingo, 17 de agosto de 2008
Criatividade para a reabilitação urbana na região norte
Criatividade é a palavra-chave a usar para a reabilitação urbana na região norte
Ricardo Luz e Carlos Martins falam do trabalho de campo a partir do qual traçaram um mapa optimista para o futuro das actividades criativas e culturais na cidade do Porto
A Há duas palavras que são "conjugadas" com especial veemência por Ricardo Luz e Carlos Martins, quando falam do potencial que as indústrias criativas têm para a revitalização do Porto e da região norte: optimismo e "empreendedorismo". Esta última, ainda não consagrada no vocabulário da língua portuguesa, começa a surgir com cada vez maior persistência nos estudos e nos relatórios de pendor económico com que empresas e instituições se propõem enfrentar a crise que a região e o país atravessam.
Ricardo Luz e Carlos Martins são dois economistas formados na Universidade do Porto, com especializações em gestão empresarial e em áreas como o desenvolvimento urbano sustentável (o primeiro, em Cranfield, Inglaterra) e em turismo cultural (o segundo, em Barcelona). São também sócios fundadores das duas empresas (Gestluz e Opium) que, com a Horwath Parsus Portugal e a Creative Consultancy do inglês Tom Fleming, elaboraram o estudo para o Desenvolvimento de Um Cluster de Indústrias Criativas na Região Norte, tornado público há duas semanas na Fundação de Serralves, uma das entidades que tomou em mãos este desígnio em resposta a um desafio da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Norte.
"As indústrias criativas têm sido o ponto mais avançado da revitalização urbana em muitas cidades degradadas, principalmente da Europa do Norte, com o Reino Unido no centro destas experiências", diz Carlos Martins. Foi a essa luz que ambos os consultores convocaram a experiência de Tom Fleming, mas também de Charles Landry, autor do livro The Creative City: A Toolkit for Urban Innovator (2000) e um dos "papas" da teorização das indústrias criativas, para dirigir o levantamento de território que foi feito no Porto e no Norte durante os últimos seis meses.As conclusões desse estudo constituem um autêntico manual de acção e de optimismo. O Porto e o Norte têm todas as condições para começarem a trilhar um novo caminho e para abrir essa nova "janela de oportunidades", como agora se diz, que são toda uma série de estruturas patrimoniais e de actividades potencialmente criativas que estão disseminadas pelos principais núcleos urbanos da região, mas a que falta estabelecer "conectividade" e dar uma nova "alavancagem" (duas outras palavras novas no vocabulário deste sector de actividade)."O Tom Fleming trouxe-nos a metodologia e uma experiência de campo principalmente centrada no seu país, como em mais de 30 outros em todo o mundo ", justifica Ricardo Luz, referindo-se à reunião das três empresas portuguesas com o consórcio do britânico.
Regresso à Baixa
Tanto Ricardo Luz como Carlos Martins realçam o facto de o Porto viver actualmente uma conjuntura especialmente propícia à experimentação e à aplicação prática de algumas medidas tendentes a empreender novos caminhos. O programa de revitalização da Baixa e da zona Património Mundial actualmente em curso, nomeadamente através da acção da Porto Vivo -Sociedade de Reabilitação Urbana (para a qual têm prestado serviços) é "um campo de experiência fantástico", nota Carlos Martins. E associa-lhe o movimento de regresso das pessoas ao centro urbano, como todas as noites se pode verificar na "movida" nas ruas em volta da Avenida dos Aliados (Passos Manuel, Almada, Cândido dos Reis, Galeria de Paris, esplanada do café Piolho).
"Dizia-se que, no centro do Porto, há muitas zonas que não têm ninguém. Hoje acontece um pouco o inverso: há zonas que, durante o dia, não têm ninguém, mas à noite estão cheias. Inverteu-se o fenómeno. Há agora que reequilibrá-lo, fazendo-o perdurar ao longo das 24 horas do dia", reclama Carlos Martins.
Os dois empresários-consultores acreditam que este regresso à Baixa "é um fenómeno identitário e simbólico" e é irreversível. "Há um clic que já se verificou", nota Ricardo Luz, evocando a sua experiência de "trabalho no terreno" nos últimos quatro anos. Este fenómeno tem-se verificado nas áreas, e nas horas, do lazer (restaurantes, cafés, bares e galerias), mas falta-lhe ainda a dimensão residencial, o que só se conseguirá, diz Carlos Martins, quando for alterada "a rigidez no mercado das rendas" e quando se modificar o "ambiente social pouco simpático, marcado ainda pela mendicidade, pelo consumo de droga e pelos problemas sociais" que aí existem.
"Mas, em qualquer cidade, as partes mais degradadas sempre foram ocupadas primeiro pelos artistas; depois é que vêm as outras camadas, até à classe média alta", assinala o empresário da Opium.
Um mapa criativo
As indústrias criativas têm sido o ponto estratégico para a revitalização urbana. E o levantamento que os autores fizeram no centro urbano portuense identifica uma grande quantidade (269) e diversidade de núcleos de actividades criativas, entre os espaços comerciais, culturais e de lazer nocturnos, mas também estabelecimentos de ensino artístico e organizações culturais. O mais curioso do mapa portuense destas actividades criativas é ele denotar uma distribuição bastante equilibrada por toda a trama do centro da cidade, desde a Sé a Cedofeita, de Miguel Bombarda a Santo Ildefonso - mas é também sem surpresa que a maior densidade se encontra na zona das galerias de arte (Miguel Bombarda/Palácio de Cristal) e nas ruas a poente dos Aliados.Martins e Luz encontraram aqui alguns sinais de "clusterização" (outra palavra nova). E por razões práticas óbvias: um arquitecto procura estabelecer o seu atelier numa zona onde haja também maquetistas e designers, porque precisam uns dos outros."Falta ainda massa crítica, de clientes e de criadores, mas os elementos existem aí, e é por isso que vale a pena trabalhar sobre eles", acreditam os autores do estudo, que vêem com bons olhos a decisão da CCDR de criar uma agência e de lançar um concurso público aos dinheiros comunitários para ajudar a desenvolver esta potencialidade.
269 núcleos de actividades criativas foram identificadas pelos autores do estudo dentro do perímetro do centro urbano do Porto
1,4 por cento (equivalentes a 6358 milhões de euros) é o peso no PIB português das indústrias criativas, em 2003. Na União Europeia, esse peso é de 2,6 por cento (654 mil milhões de euros), empregando 5,8 milhões de pessoas
30 por cento das pessoas nas indústrias criativas em Portugal são licenciadas
Ricardo Luz e Carlos Martins falam do trabalho de campo a partir do qual traçaram um mapa optimista para o futuro das actividades criativas e culturais na cidade do Porto
A Há duas palavras que são "conjugadas" com especial veemência por Ricardo Luz e Carlos Martins, quando falam do potencial que as indústrias criativas têm para a revitalização do Porto e da região norte: optimismo e "empreendedorismo". Esta última, ainda não consagrada no vocabulário da língua portuguesa, começa a surgir com cada vez maior persistência nos estudos e nos relatórios de pendor económico com que empresas e instituições se propõem enfrentar a crise que a região e o país atravessam.
Ricardo Luz e Carlos Martins são dois economistas formados na Universidade do Porto, com especializações em gestão empresarial e em áreas como o desenvolvimento urbano sustentável (o primeiro, em Cranfield, Inglaterra) e em turismo cultural (o segundo, em Barcelona). São também sócios fundadores das duas empresas (Gestluz e Opium) que, com a Horwath Parsus Portugal e a Creative Consultancy do inglês Tom Fleming, elaboraram o estudo para o Desenvolvimento de Um Cluster de Indústrias Criativas na Região Norte, tornado público há duas semanas na Fundação de Serralves, uma das entidades que tomou em mãos este desígnio em resposta a um desafio da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Norte.
"As indústrias criativas têm sido o ponto mais avançado da revitalização urbana em muitas cidades degradadas, principalmente da Europa do Norte, com o Reino Unido no centro destas experiências", diz Carlos Martins. Foi a essa luz que ambos os consultores convocaram a experiência de Tom Fleming, mas também de Charles Landry, autor do livro The Creative City: A Toolkit for Urban Innovator (2000) e um dos "papas" da teorização das indústrias criativas, para dirigir o levantamento de território que foi feito no Porto e no Norte durante os últimos seis meses.As conclusões desse estudo constituem um autêntico manual de acção e de optimismo. O Porto e o Norte têm todas as condições para começarem a trilhar um novo caminho e para abrir essa nova "janela de oportunidades", como agora se diz, que são toda uma série de estruturas patrimoniais e de actividades potencialmente criativas que estão disseminadas pelos principais núcleos urbanos da região, mas a que falta estabelecer "conectividade" e dar uma nova "alavancagem" (duas outras palavras novas no vocabulário deste sector de actividade)."O Tom Fleming trouxe-nos a metodologia e uma experiência de campo principalmente centrada no seu país, como em mais de 30 outros em todo o mundo ", justifica Ricardo Luz, referindo-se à reunião das três empresas portuguesas com o consórcio do britânico.
Regresso à Baixa
Tanto Ricardo Luz como Carlos Martins realçam o facto de o Porto viver actualmente uma conjuntura especialmente propícia à experimentação e à aplicação prática de algumas medidas tendentes a empreender novos caminhos. O programa de revitalização da Baixa e da zona Património Mundial actualmente em curso, nomeadamente através da acção da Porto Vivo -Sociedade de Reabilitação Urbana (para a qual têm prestado serviços) é "um campo de experiência fantástico", nota Carlos Martins. E associa-lhe o movimento de regresso das pessoas ao centro urbano, como todas as noites se pode verificar na "movida" nas ruas em volta da Avenida dos Aliados (Passos Manuel, Almada, Cândido dos Reis, Galeria de Paris, esplanada do café Piolho).
"Dizia-se que, no centro do Porto, há muitas zonas que não têm ninguém. Hoje acontece um pouco o inverso: há zonas que, durante o dia, não têm ninguém, mas à noite estão cheias. Inverteu-se o fenómeno. Há agora que reequilibrá-lo, fazendo-o perdurar ao longo das 24 horas do dia", reclama Carlos Martins.
Os dois empresários-consultores acreditam que este regresso à Baixa "é um fenómeno identitário e simbólico" e é irreversível. "Há um clic que já se verificou", nota Ricardo Luz, evocando a sua experiência de "trabalho no terreno" nos últimos quatro anos. Este fenómeno tem-se verificado nas áreas, e nas horas, do lazer (restaurantes, cafés, bares e galerias), mas falta-lhe ainda a dimensão residencial, o que só se conseguirá, diz Carlos Martins, quando for alterada "a rigidez no mercado das rendas" e quando se modificar o "ambiente social pouco simpático, marcado ainda pela mendicidade, pelo consumo de droga e pelos problemas sociais" que aí existem.
"Mas, em qualquer cidade, as partes mais degradadas sempre foram ocupadas primeiro pelos artistas; depois é que vêm as outras camadas, até à classe média alta", assinala o empresário da Opium.
Um mapa criativo
As indústrias criativas têm sido o ponto estratégico para a revitalização urbana. E o levantamento que os autores fizeram no centro urbano portuense identifica uma grande quantidade (269) e diversidade de núcleos de actividades criativas, entre os espaços comerciais, culturais e de lazer nocturnos, mas também estabelecimentos de ensino artístico e organizações culturais. O mais curioso do mapa portuense destas actividades criativas é ele denotar uma distribuição bastante equilibrada por toda a trama do centro da cidade, desde a Sé a Cedofeita, de Miguel Bombarda a Santo Ildefonso - mas é também sem surpresa que a maior densidade se encontra na zona das galerias de arte (Miguel Bombarda/Palácio de Cristal) e nas ruas a poente dos Aliados.Martins e Luz encontraram aqui alguns sinais de "clusterização" (outra palavra nova). E por razões práticas óbvias: um arquitecto procura estabelecer o seu atelier numa zona onde haja também maquetistas e designers, porque precisam uns dos outros."Falta ainda massa crítica, de clientes e de criadores, mas os elementos existem aí, e é por isso que vale a pena trabalhar sobre eles", acreditam os autores do estudo, que vêem com bons olhos a decisão da CCDR de criar uma agência e de lançar um concurso público aos dinheiros comunitários para ajudar a desenvolver esta potencialidade.
269 núcleos de actividades criativas foram identificadas pelos autores do estudo dentro do perímetro do centro urbano do Porto
1,4 por cento (equivalentes a 6358 milhões de euros) é o peso no PIB português das indústrias criativas, em 2003. Na União Europeia, esse peso é de 2,6 por cento (654 mil milhões de euros), empregando 5,8 milhões de pessoas
30 por cento das pessoas nas indústrias criativas em Portugal são licenciadas
Jornal Público 16.08.2008, Sérgio C. Andrade
quinta-feira, 24 de julho de 2008
Indústrias criativas
As indústrias criativas são a "visão" para revitalizar o Norte de Portugal
Estudo para o desenvolvimento de um “cluster” criativo na região norte é hoje apresentado na Fundação de Serralves
O Norte deverá apostar em tornar-se na região criativa de Portugal - é esta "a visão" e o desafio lançado pelos consultores britânicos Tom Fleming e Charles Landry, nas conclusões do estudo que elaboraram para o desenvolvimento de um “cluster” de indústrias criativas na região norte, que hoje de manhã será apresentado na Fundação de Serralves, no Porto.
"A região norte de Portugal enfrenta sérios constrangimentos que ameaçam a sua competitividade e a sua capacidade de recuperar dinâmicas de produção de riqueza, mas tem em si os recursos, os agentes e a energia de que necessita para o fazer com sucesso", dizem os autores deste estudo-radiografia, sobre o qual elaboram uma estratégia e um ambicioso plano de acção tendo em vista "o reforço da massa crítica do capital criativo da região".
O plano de acção tem três eixos estratégicos: apostar na capacidade criativa, no planeamento e definição de políticas e em tornar atractivos os lugares criativos, enumera o estudo. O documento aponta também a necessidade de criação de uma estrutura autónoma de governação - chama-lhe Agência para o Desenvolvimento Criativo do Norte de Portugal - que deverá ser participada pelos principais agentes do território e mobilizar a iniciativa privada.
Tom Fleming e Charles Landry são reconhecidos especialistas internacionais no estudo das indústrias criativas e da sua importância para a revitalização de cidades deprimidas. O consórcio Tom Fleming Creative Consultancy foi o escolhido pela Fundação de Serralves, que liderou uma parceria em que também intervêm a Casa da Música, a Sociedade de Reabilitação Urbana da Baixa Portuense e a Junta Metropolitana do Porto, todos respondendo a um desafio lançado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), à procura da tal "visão" inovadora para ajudar ao desenvolvimento desta região.Odete Patrício, directora-geral de Serralves, justifica a opção pelo consórcio de Fleming com a sua experiência "muito ligada ao terreno". Numa conferência apresentada no Porto no início de Fevereiro, quando o lançamento do estudo foi anunciado, Fleming citou o exemplo da cidade inglesa de Sheffield na década de 1980. A aposta nas indústrias criativas ajudou Sheffield a sair da crise em que a decadência da indústria da metalurgia a tinha então mergulhado.
No estudo agora feito para a região Norte, os autores fizeram incidir a sua atenção no centro histórico e na Área Metropolitana do Porto, e também nas cidades universitárias envolventes, como Braga, Guimarães, Vila Real e Aveiro.
As duas primeiras são as que, na opinião de Fleming e Landry, apresentam "a dimensão e o carisma capazes de potenciar" as indústrias criativas: pela importância dos centros de investigação e desenvolvimento da Universidade do Minho, pela classificação patrimonial pela UNESCO do centro histórico de Guimarães e pela oportunidade que o acolhimento da Capital Europeia da Cultura em 2012 cria de "estabelecimento de um compromisso a longo termo e assumindo-se como representante do potencial criativo da região e das suas indústrias criativas".
O estudo centra-se sobretudo no centro histórico e área metropolitana do Porto e em cidades como Braga ou Aveiro
Jornal Público - 23.07.2008, Sérgio C. Andrade
Estudo para o desenvolvimento de um “cluster” criativo na região norte é hoje apresentado na Fundação de Serralves
O Norte deverá apostar em tornar-se na região criativa de Portugal - é esta "a visão" e o desafio lançado pelos consultores britânicos Tom Fleming e Charles Landry, nas conclusões do estudo que elaboraram para o desenvolvimento de um “cluster” de indústrias criativas na região norte, que hoje de manhã será apresentado na Fundação de Serralves, no Porto.
"A região norte de Portugal enfrenta sérios constrangimentos que ameaçam a sua competitividade e a sua capacidade de recuperar dinâmicas de produção de riqueza, mas tem em si os recursos, os agentes e a energia de que necessita para o fazer com sucesso", dizem os autores deste estudo-radiografia, sobre o qual elaboram uma estratégia e um ambicioso plano de acção tendo em vista "o reforço da massa crítica do capital criativo da região".
O plano de acção tem três eixos estratégicos: apostar na capacidade criativa, no planeamento e definição de políticas e em tornar atractivos os lugares criativos, enumera o estudo. O documento aponta também a necessidade de criação de uma estrutura autónoma de governação - chama-lhe Agência para o Desenvolvimento Criativo do Norte de Portugal - que deverá ser participada pelos principais agentes do território e mobilizar a iniciativa privada.
Tom Fleming e Charles Landry são reconhecidos especialistas internacionais no estudo das indústrias criativas e da sua importância para a revitalização de cidades deprimidas. O consórcio Tom Fleming Creative Consultancy foi o escolhido pela Fundação de Serralves, que liderou uma parceria em que também intervêm a Casa da Música, a Sociedade de Reabilitação Urbana da Baixa Portuense e a Junta Metropolitana do Porto, todos respondendo a um desafio lançado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), à procura da tal "visão" inovadora para ajudar ao desenvolvimento desta região.Odete Patrício, directora-geral de Serralves, justifica a opção pelo consórcio de Fleming com a sua experiência "muito ligada ao terreno". Numa conferência apresentada no Porto no início de Fevereiro, quando o lançamento do estudo foi anunciado, Fleming citou o exemplo da cidade inglesa de Sheffield na década de 1980. A aposta nas indústrias criativas ajudou Sheffield a sair da crise em que a decadência da indústria da metalurgia a tinha então mergulhado.
No estudo agora feito para a região Norte, os autores fizeram incidir a sua atenção no centro histórico e na Área Metropolitana do Porto, e também nas cidades universitárias envolventes, como Braga, Guimarães, Vila Real e Aveiro.
As duas primeiras são as que, na opinião de Fleming e Landry, apresentam "a dimensão e o carisma capazes de potenciar" as indústrias criativas: pela importância dos centros de investigação e desenvolvimento da Universidade do Minho, pela classificação patrimonial pela UNESCO do centro histórico de Guimarães e pela oportunidade que o acolhimento da Capital Europeia da Cultura em 2012 cria de "estabelecimento de um compromisso a longo termo e assumindo-se como representante do potencial criativo da região e das suas indústrias criativas".
O estudo centra-se sobretudo no centro histórico e área metropolitana do Porto e em cidades como Braga ou Aveiro
Jornal Público - 23.07.2008, Sérgio C. Andrade
quinta-feira, 12 de junho de 2008
quinta-feira, 29 de maio de 2008
Richard Florida
Esteve recentemente em Portugal um dos individuos mais influentes na concepção das cidades criativas.
Na altura identificou os três T's (Tecnologia, Talento e Tolerância) como factores determinantes para ascender ao ranking das mega-regiões: regiões que acolhem actividades económicas em larga escala e geram a maior percentagem de actividade económica e inovações científicas e tecnológicas, a nível mundial.
Dos 191 países do mundo, só existem 40 mega-regiões que impulsionam a economia mundial: estas representam um quinto da população, dois terços do rendimento económico mundial e mais de 85 por cento da inovação global. A Grande Lisboa está em 33.º lugar na lista encabeçada pela Grande Tóquio, mas poderá ir mais longe, segundo o economista norte-americano.
«A única coisa que vos está a travar é a mentalidade. Portugal tem sido aprisionado por uma mentalidade antiquada», declarou à Lusa, à margem da conferência organizada pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT) e pela Ordem dos Economistas.
Richard Florida antevê um futuro promissor para Lisboa, que já está em fase de transição e atrai classes criativas, mas salientou que é preciso valorizar mais a tolerância e a liberdade de expressão individual (self-expression).
Richard Florida é autor do best-seller The Rise of the Creative Class (A ascensão da classe criativa) e lançou recentemente Who's Your City (Quem é a tua cidade) onde sugere que a escolha do lugar onde vivemos pode ser uma decisão tão importante como escolher um parceiro ou um emprego.
O economista advoga o surgimento de uma classe criativa, associada a sectores com grande capacidade de inovação, e associa o desenvolvimento e êxito das cidades à sua capacidade de atrair esta classe emergente.
Tudo se passa numa sociedade em que o crescimento económico já não é sustentado pela criação de postos de trabalho, nem pelo desenvolvimento de clusters suportados pela indústria tradicional ou pelas tecnologias de ponta.
Dos 191 países do mundo, só existem 40 mega-regiões que impulsionam a economia mundial: estas representam um quinto da população, dois terços do rendimento económico mundial e mais de 85 por cento da inovação global. A Grande Lisboa está em 33.º lugar na lista encabeçada pela Grande Tóquio, mas poderá ir mais longe, segundo o economista norte-americano.
«A única coisa que vos está a travar é a mentalidade. Portugal tem sido aprisionado por uma mentalidade antiquada», declarou à Lusa, à margem da conferência organizada pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT) e pela Ordem dos Economistas.
Richard Florida antevê um futuro promissor para Lisboa, que já está em fase de transição e atrai classes criativas, mas salientou que é preciso valorizar mais a tolerância e a liberdade de expressão individual (self-expression).
Richard Florida é autor do best-seller The Rise of the Creative Class (A ascensão da classe criativa) e lançou recentemente Who's Your City (Quem é a tua cidade) onde sugere que a escolha do lugar onde vivemos pode ser uma decisão tão importante como escolher um parceiro ou um emprego.
O economista advoga o surgimento de uma classe criativa, associada a sectores com grande capacidade de inovação, e associa o desenvolvimento e êxito das cidades à sua capacidade de atrair esta classe emergente.
Tudo se passa numa sociedade em que o crescimento económico já não é sustentado pela criação de postos de trabalho, nem pelo desenvolvimento de clusters suportados pela indústria tradicional ou pelas tecnologias de ponta.
quinta-feira, 27 de março de 2008
terça-feira, 4 de março de 2008
PORTUGAL
PORTUGAL em 1896
«Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso de alma nacional - reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta (...)
Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados (?) na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira e da falsificação, da violência e do roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro (...)
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este, criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do país, e exercido ao acaso da herança, pelo primeiro que sai dum ventre - como da roda de uma lotaria (...)
A justiça ao arbítrio da política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas (...)
Dois partidos (...) sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, (...) vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se amalgamando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento - de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar»
GuerraJunqueiro
in Pátria
(gentilmente enviado pelo amigo antónio)
«Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso de alma nacional - reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta (...)
Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados (?) na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira e da falsificação, da violência e do roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro (...)
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este, criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do país, e exercido ao acaso da herança, pelo primeiro que sai dum ventre - como da roda de uma lotaria (...)
A justiça ao arbítrio da política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas (...)
Dois partidos (...) sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, (...) vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se amalgamando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento - de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar»
GuerraJunqueiro
in Pátria
(gentilmente enviado pelo amigo antónio)
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