quinta-feira, 24 de julho de 2008

Indústrias criativas

As indústrias criativas são a "visão" para revitalizar o Norte de Portugal
Estudo para o desenvolvimento de um “cluster” criativo na região norte é hoje apresentado na Fundação de Serralves
O Norte deverá apostar em tornar-se na região criativa de Portugal - é esta "a visão" e o desafio lançado pelos consultores britânicos Tom Fleming e Charles Landry, nas conclusões do estudo que elaboraram para o desenvolvimento de um “cluster” de indústrias criativas na região norte, que hoje de manhã será apresentado na Fundação de Serralves, no Porto.
"A região norte de Portugal enfrenta sérios constrangimentos que ameaçam a sua competitividade e a sua capacidade de recuperar dinâmicas de produção de riqueza, mas tem em si os recursos, os agentes e a energia de que necessita para o fazer com sucesso", dizem os autores deste estudo-radiografia, sobre o qual elaboram uma estratégia e um ambicioso plano de acção tendo em vista "o reforço da massa crítica do capital criativo da região".
O plano de acção tem três eixos estratégicos: apostar na capacidade criativa, no planeamento e definição de políticas e em tornar atractivos os lugares criativos, enumera o estudo. O documento aponta também a necessidade de criação de uma estrutura autónoma de governação - chama-lhe Agência para o Desenvolvimento Criativo do Norte de Portugal - que deverá ser participada pelos principais agentes do território e mobilizar a iniciativa privada.
Tom Fleming e Charles Landry são reconhecidos especialistas internacionais no estudo das indústrias criativas e da sua importância para a revitalização de cidades deprimidas. O consórcio Tom Fleming Creative Consultancy foi o escolhido pela Fundação de Serralves, que liderou uma parceria em que também intervêm a Casa da Música, a Sociedade de Reabilitação Urbana da Baixa Portuense e a Junta Metropolitana do Porto, todos respondendo a um desafio lançado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), à procura da tal "visão" inovadora para ajudar ao desenvolvimento desta região.Odete Patrício, directora-geral de Serralves, justifica a opção pelo consórcio de Fleming com a sua experiência "muito ligada ao terreno". Numa conferência apresentada no Porto no início de Fevereiro, quando o lançamento do estudo foi anunciado, Fleming citou o exemplo da cidade inglesa de Sheffield na década de 1980. A aposta nas indústrias criativas ajudou Sheffield a sair da crise em que a decadência da indústria da metalurgia a tinha então mergulhado.
No estudo agora feito para a região Norte, os autores fizeram incidir a sua atenção no centro histórico e na Área Metropolitana do Porto, e também nas cidades universitárias envolventes, como Braga, Guimarães, Vila Real e Aveiro.
As duas primeiras são as que, na opinião de Fleming e Landry, apresentam "a dimensão e o carisma capazes de potenciar" as indústrias criativas: pela importância dos centros de investigação e desenvolvimento da Universidade do Minho, pela classificação patrimonial pela UNESCO do centro histórico de Guimarães e pela oportunidade que o acolhimento da Capital Europeia da Cultura em 2012 cria de "estabelecimento de um compromisso a longo termo e assumindo-se como representante do potencial criativo da região e das suas indústrias criativas".
O estudo centra-se sobretudo no centro histórico e área metropolitana do Porto e em cidades como Braga ou Aveiro
Jornal Público - 23.07.2008, Sérgio C. Andrade